sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Não sabemos orar como convém


A nossa fraqueza decorre do fato de não sabermos orar convenientemente.

Somos fracos porque não conseguimos manter comunhão completa e ininterrupta com o Deus onipotente. Nosso maior problema não está nas fraquezas, mas em nosso distanciamento daquele que é onipotente.

É fato notório que, pela oração, revelamos nossa total dependência de Deus.

Só quando comparecemos diante do Senhor temos a consciência da nossa profunda fraqueza, bem como da onipotência divina.

Isaías, ao contemplar a glória de Deus, disse: "Ai de mim". Quando se viu diante do poder excelso de Jesus, Pedro clamou:

"Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador" (Lc 5:8). Quando o publicano começou a orar, ele não ousou erguer os olhos ao céu, mas gritou: "Ó Deus, sê propício a mim, pecador!" (Lc 18:13).

No entanto, a oração é a respiração da alma cristã.

Quem não tem intimidade com Deus não pode ser forte.

A força não está dentro do homem. Ela vem de cima, do trono de Deus.

Quando uma pessoa deixa de orar, se enfraquece.

A oração é o oxigênio e o tônico da alma. É o combustível que alimenta o nosso vigor espiritual.

Sem oração não há poder. A falta de oração nos priva da força que provém das alturas. Quando oramos, nosso coração encontra refugio sob as asas do Deus onipotente.

Ao orarmos, abrimos um canal de contato direto com aquele que está assentado no trono do universo.

É pela oração que toda a suprema grandeza do poder de Deus se coloca à nossa disposição.

É pela oração que mantemos o fogo aceso no altar de incenso da nossa vida. "O incenso não cheira nem sobe sem fogo; isto também acontece com a oração, quando não sobe impelida pelo calor e fervor."

Orar é invadir o impossível, é viver no reino dos milagres, é aliar-se ao Todo-Poderoso. Um santo ajoelhado diante do Senhor vê mais longe do que um filósofo na ponta dos pés e tem mais força do que um exército.

Maria Stuart, rainha da Escócia, temia mais as orações de John Knox do que todos os exércitos da Inglaterra.

Quando os exércitos da Síria cercaram a cidade de Samaria para prender o profeta Eliseu, ele orou, e a estratégia dos soldados sírios foi desmantelada.

O Diabo treme ao ver um santo de joelhos.

A oração move os céus e abala o inferno.

A oração promove profundas transformações na Terra.

Mas o apóstolo Paulo diz que a nossa fraqueza consiste no fato de não sabermos orar como convém. "

A fraqueza da oração não está em seu laconismo; está é na pobreza de sua substância. Não é bastante orar; é preciso orar como convém". A fraqueza na oração resulta da fraqueza espiritual.

E não sabemos orar da forma certa por duas razões:

Primeiro: porque não conhecemos o futuro. Somos limitados pelo tempo. Não enxergamos com clareza o que está à nossa frente. Somos precipitados. Não temos paciência para esperar o tempo de Deus. Muitas vezes, queremos pressionar o Senhor a agir pela urgência da nossa agenda. Outras vezes, queremos que a nossa vontade seja feita no céu mais do que a vontade de Deus seja feita na Terra.

O profeta Elias pediu para si a morte.

Ele estava deprimido, enfiado em uma caverna. Mas Deus não atendeu seu pedido porque, nos planos de Deus, a morte não haveria de alcançá-lo. E como se o Senhor dissesse a Elias: "Você quer morrer, Elias? Ah, você não sabe o que pede. Você não vai experimentar a morte. Eu vou levar você para o céu sem que você passe por esse vale

sombrio da morte".

José do Egito foi preso injustamente. Pediu ao copeiro-mor do faraó para lembrar-se dele, mas, ainda assim, ficou mais dois anos enfiado numa prisão imunda.

Onde estava Deus?

Por que o Criador permitiu que um homem inocente padecesse de forma tão degradante e por tanto tempo?

Mas havia uma razão pela qual Deus não tirou seu servo da prisão no tempo que ele queria sair. É porque, durante aquele período, Deus estava construindo a rampa do palácio para que José saísse da cadeia e se tornasse o governador do Egito.

Quando pensamos que Deus está longe, silencioso ou indiferente ao nosso clamor, ele está trabalhando no turno da noite a nosso favor, preparando algo melhor e maior para nós.


Os planos de Deus são maiores do que os nossos.

Ana, mulher de Elcana, queria muito ter um filho, mas era estéril. Deus mesmo havia cerrado a sua madre.

Ana chorou (1Samuel 1:8), orou e se abateu muito porque o seu sonho não estava sendo realizado. Seu sonho era apenas ter um filho, mas o propósito de Deus era que ela fosse mãe do maior profeta, do maior sacerdote e do maior juiz de Israel, aquele que haveria de trazer de volta a nação apóstata à presença de Deus.


Quando Deus parece demorar, na verdade está preparando algo maior para nós. O Senhor vê o futuro no seu eterno agora. Ele sabe o que é melhor para nós. Devemos descansar na sua providência amorosa.

Segundo: não oramos da forma certa porque não sabemos o que é melhor para nós. As vezes, pedimos a Deus algo nocivo. Somos desprovidos de discernimento. Pedimos uma pedra pensando que estamos clamando por um pão, ou pedindo uma cobra pensando que estamos rogando por um peixe.

Podemos pedir aquilo que vai nos destruir na ilusão de que estamos solicitando aquilo que nos dará vida. Deus é tão misericordioso conosco que não responde positivamente a todas as nossas orações.

Muitas vezes, o Senhor nos poupa, deixando de atender a algumas de nossas petições. É comum pedirmos mal, e por isso ouvimos um "não" sonoro e categórico às nossas súplicas.

Muitas pessoas interpretam erradamente a promessa de Jesus, quando o Mestre disse: "Pedi, e dar-se-vos-á...pois todo o que pede recebe" (Mt 7:7,8).

Jesus não estava dizendo que todo aquele que pede recebe o que pede. Ele estava dizendo que todo o que pede recebe.

Muitas vezes, recebe o contrário do que pede.

Se Deus nos desse tudo quanto Lhe pedimos, estaríamos perdidos. Graças a Deus, Ele não atende as nossas orações da maneira como nós as endereçamos ao céu. Nós não sabemos orar como convém. Nossa espiritualidade pode estar fora de foco.


Nossas aspirações podem estar enfermas. Nossas orações podem ter motivações erradas. Nisso consiste nossa profunda fraqueza.

Durval Ângelo e Ana Maria narram a seguinte história: após um naufrágio, o único sobrevivente agradeceu a Deus por estar vivo e ter conseguido se agarrar a parte dos destroços para poder ficar boiando. Esta pessoa foi parar em uma pequena ilha desabitada, fora de qualquer rota de navegação, e agradeceu novamente.

Com muita dificuldade e restos dos destroços, o sobrevivente conseguiu montar um pequeno abrigo para que pudesse se proteger do sol, da chuva, de animais e também guardar seus poucos pertences.

Como de costume, agradeceu.

Nos dias seguintes, a cada alimento que conseguia caçar ou colher, ele agradecia.

No entanto, certo dia, quando voltava da busca por alimentos, encontrou o seu abrigo em chamas, envolto em altas nuvens de fumaça. Terrivelmente desesperado, ele se revoltou, e gritava, chorando: "O pior aconteceu! Perdi tudo! Deus, por que fizeste isso

comigo?".

Chorou tanto que adormeceu profundamente cansado. No dia seguinte, bem cedo, foi despertado pelo som de um navio que se aproximava.

— Viemos resgatá-lo — disseram. — Como souberam que eu estava aqui? — perguntou o náufrago.

— Vimos seu sinal de fumaça!



É comum nos sentirmos desencorajados, ou mesmo desesperados quando as coisas vão mal. Mas Deus age em nosso benefício, inclusive nos momentos de dor e sofrimento.


Lembre-se: se algum dia o seu único abrigo estiver em chamas, este pode ser o sinal de fumaça que fará chegar até você a Graça Divina.



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